Há pouco tempo, jamais poderíamos imaginar que neste ano de 2020, os profissionais da Enfermagem, homens e mulheres, vestiriam os seus jalecos para entrar na linha de frente de batalha contra o novo Coronavírus. Aliás, ninguém poderia imaginar que uma crise sanitária nestas proporções surpreenderia o mundo e mudaria toda a nossa rotina. Mas é claro que o dia a dia dos profissionais de Saúde foi o mais afetado.
Se antes da pandemia, os profissionais de Enfermagem estavam lutando por outras questões como o piso salarial nacional, a redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais, a garantia de locais adequados para o repouso, hoje estes mesmos profissionais tem uma nova luta para encarar. Novas demandas, novas necessidades e novos desafios, principalmente no que diz respeito às atuais condições de trabalho.
Nunca na história da profissão foi tão necessário discutir sobre a necessidade de maior valorização e respeito por esses profissionais que são tão essenciais para o combate à pandemia.
De acordo com dados do Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, aproximadamente 2,3 milhões de enfermeiros, técnicos e auxiliares atuam no Brasil. E uma boa parte desses profissionais estão diretamente envolvidos para atender os brasileiros que se encontram internados nos hospitais.
E embora esse pareça um número grande de profissionais em atividade, para as proporções continentais do Brasil, essa quantidade é pequena.
De acordo com os critérios que são estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde – OMS, este é um número bem menor do que o adequado para a população do país, que ultrapassa os 200 milhões de habitantes. Ou seja, isso significa que já existe uma sobrecarga de trabalho dentro desse segmento no Brasil.
Como se não bastasse uma quantidade insuficiente de profissionais em atividade, à frente de trabalho contra o novo Coronavírus ainda tem outros inimigos que acabam tornando a rotina do enfermeiro ainda mais difícil do que se imagina.
Enfermagem em tempos de pandemia – Fatores que agem contra o profissional
Um cenário preocupante é a alta quantidade de profissionais de Enfermagem infectados com o novo vírus. Isso acaba por diminuir a disponibilidade de mão de obra para atuar em hospitais e clínicas.
De acordo com dados do Observatório da Enfermagem, que é mantido pelo Cofen, foram registrados no Brasil mais de 35 mil casos da doença entre os profissionais da categoria.
E até o momento, foram 342 óbitos de profissionais de enfermagem causados pela Covid-19.
Além disso, tem se presenciado muitas denúncias sobre problemas envolvendo os chamados Equipamentos de Proteção Individual – EPI.
Relatos sobre o uso equivocado desses equipamentos, bem como sobre a falta desses insumos dentro das instituições hospitalares onde esses profissionais trabalham, tem se tornado cada vez mais frequentes, o que acaba por desvalorizar ainda mais a profissão.
A disponibilidade adequada dos insumos de higiene e desinfecção para enfermeiros, técnicos e auxiliares é urgente e deve ser atendida o mais rápido possível. Pois os profissionais pagam caro quando o poder público não investe na proteção deles durante o trabalho. Em alguns casos, pagam com a própria vida. Uma situação que precisa mudar urgentemente.
Para além dos equipamentos de trabalho, é preciso garantir um ambiente de trabalho minimamente seguro para a prática de todas as atividades laborais necessárias. E a capacitação técnica para enfrentar um cenário de pandemia é também muito importante.
Diante dessa realidade, percebemos que há um longo caminho a ser percorrido para oferecer um ambiente adequado de trabalho para os profissionais de Enfermagem. Ao menos, espera-se que o cenário de pandemia tenha ajudado o mundo a olhar para esses profissionais com mais atenção e cuidado. A Enfermagem precisa de condições saudáveis para exercer o seu trabalho. Caso contrário, a desvalorização da categoria só vai aumentar as crises sanitárias do presente e do futuro.
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