Na última segunda-feira, dia 31 de agosto, ocorreu uma denúncia sobre um esquema de intimidação da imprensa que é colocado em prática por militantes aliados do prefeito Marcelo Crivella na cidade do Rio de Janeiro. Na denúncia, foi mostrado que estes militantes são, na verdade, funcionários contratados da prefeitura.
O grupo de militantes se denomina como “Guardiões do Crivella”, por referência a uma certa lealdade para com o atual prefeito da cidade carioca. Os chamados “guardiões” são funcionários municipais que trabalham fazendo plantão na porta dos hospitais do Rio com o objetivo de impedir que os jornalistas façam reportagens no espaço público.
A estratégia utilizada é interromper a gravação das entrevistas dos jornalistas com a população que tem interesse em fazer denúncias sobre o sistema de saúde. As interrupções das entrevistas começam rapidamente e prosseguem até que a gravação seja interrompida e, portanto, impedida de ir ao ar.
Uma das informações que chama a atenção durante a investigação que foi realizada está nos salários que estes funcionários recebem. Constatou-se que o salário destes funcionários é maior do que o salário dos enfermeiros contratados pela prefeitura. Aliás, não só maior que o salário do enfermeiro, mas também mais alto do que o salário de um técnico.
No âmbito municipal, a prefeitura do Rio de Janeiro paga um salário de R$ 2.156,14 para os técnicos de Enfermagem, enquanto o salário dos enfermeiros é de R$ 4.088,51.
Funcionários da confiança de Crivella ganham mais que os profissionais de Saúde no Rio de Janeiro
Um dos funcionários que foi denunciado por uma reportagem se chama Luiz Carlos Joaquim da Silva. Em gravação realizada por uma equipe de jornalismo, Luiz Carlos aparece interrompendo a entrevista de uma senhora cuja mãe estava internada para o tratamento de um Câncer.
No momento da entrevista, a senhora pedia ajuda à TV, pois a sua mãe estava precisando de uma transferência urgente de hospital. Mas no momento em que ela relatava a sua situação, Luiz Carlos impediu a entrevista. O salário que ele recebe da prefeitura para fazer esse tipo de ação na porta dos hospitais é de R$ 4.195,56.
Outro funcionário que agiu em outro momento, interrompendo a entrevista de um cidadão que perdeu um dedo, é José Robério Vicente Adeliano. O salário dele é de R$ 3.229,00. Um salário que, embora não seja maior do que os vencimentos de um enfermeiro, é mais alto do que o pagamento mensal de um técnico.
O chefe de todo esse esquema foi identificado. Ele se chama Marcos Paulo de Oliveira Luciano e recebe um salário superior a 10 mil reais da prefeitura do Rio.
Os valores descobertos pela investigação chamam a atenção justamente por serem maiores do que o salário dos funcionários que estão trabalhando dentro dos hospitais. Ou seja, os profissionais que, de fato, estão na linha de frente de batalha contra o Coronavírus estão ganhando menos do que os funcionários que estão cumprindo um expediente fora das instituições de saúde, organizando ações contra a Imprensa e negligenciando atividades a favor da Saúde. Uma grande desvalorização para o salário dos enfermeiros.
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