Gustavo Alves fala sobre o Alzheimer que normalmente evolui de quadros iniciais de declínio cognitivo para alterações do comportamento.
Tratando-se de uma espécie de cronologia dos fenômenos fisiopatológicos da doença.
Nos estágios onde a alteração de comportamento se torna problemática e passa a trazer riscos ao paciente e mesmo para aqueles que cuidam dele, será necessária a introdução de medicamentos capazes de mitigar estas manifestações: irritabilidade, sintomas depressivos, surtos psicóticos, dentre outras.
A Quetiapina, um medicamento antipsicótico tradicionalmente usado em pessoas com esquizofrenia, é uma opção muito interessante em pacientes com doença de Alzheimer, já em estágios onde ocorram alterações significativas do comportamento. A Quetiapina também pode ser utilizada em pacientes com episódios de mania e depressão se associada a transtorno afetivo bipolar.
O Hemifumarato de Quetiapina atua bloqueando receptores de um neurotransmissor chamado Dopamina, como consequência vai diminuir quadros de insônia, irritabilidade e impulsividade. A pessoa que usa Quetiapina fica mais lenta, menos agitada!
Somente o médico é capaz de avaliar a necessidade de introdução do medicamento, e ainda assim torna-se muito importante o acompanhamento dos resultados e da segurança do uso.
Outra questão fundamental é que embora eficaz nas alterações de comportamento promovidas pela demência de Alzheimer, a Quetiapina pode trazer alguns resultados ruins ou prejudiciais quanto à cognição em pacientes com Alzheimer. Pode haver piora das funções cognitivas devido ao uso de Quetiapina! Não é uma decisão simples a adoção de Quetiapina em pacientes com Alzheimer, mas se necessária, deve haver adesão e acompanhamento frequente durante o uso.
O manejo da Quetiapina é uma espécie de ajuste fino da droga no organismo do paciente. Após um determinado tempo, se atinge o objetivo terapêutico, estabilizar, mas depois é necessário ajuste para que esta estabilização não torne o paciente excessivamente sedado, imobilizado, quase que dopado. Por isso, o familiar ou cuidador deve sempre relatar ao médico o estado de saúde do paciente sob uso de Quetiapina.
Atenção para as principais reações adversas da Quetiapina:
- Sonolência
- Tontura
- Boca seca
- Alteração dos triglicérides e frações de colesterol
- Cansaço (astenia) e aumento de apetite.
- Importante: em muitos pacientes ocorre aumento de peso durante uso de Quetiapina. Se isso ocorrer, notificar o médico e fazer acompanhamento.
Dica:
Pessoas que tenham problemas hepáticos devem ser monitoradas durante o uso de Quetiapina.
Na dúvida sobre medicamentos, procure sempre um farmacêutico.
Gustavo Alves Andrade dos Santos
Farmacêutico, Doutor em Biotecnologia
Coordenador do grupo de Cuidado farmacêutico ao Idoso do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo.
Professor em Farmácia Hospitalar no IEPG Pós-Graduação
Twitter: @gustavofarmacia
Instagram: @gusfarma
Email: gusfarma@hotmail.com
Fonte: Sincofarma
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